Por Carlos Lima
Nas páginas 4 e 5 do livro a Maçonaria, do historiador e pesquisador, J. Teixeira Lino, no qual fiz algumas consultas, encontrei dados históricos importantíssimos, entre elas uma das verdades históricas sobre o aparecimento do nome de Franc-Maçon, em meados do século XVI, e pude comprovar com outros escritos antigos. O que terminou tornando-se os primeiros capítulos das Lojas.
Um dos dados importantes dessa pedra trabalhada foi à primeira reunião de seus mestres acontecida no dia 25 de abril de 1459, em Regensburgo.
Essa reunião se tornou histórica pelo reconhecimento dos chefes supremos da Associação, autônoma e constituída de Mestres, Vigilantes e Companheiros, além dos Veneráveis das Grandes Lojas de Strasburgo, Viena, Colônia e Berna que promulgaram as primeiras Ordenações da Associação dos Construtores.
A pedra bruta continuava sendo trabalhada, impulsionando os irmãos irem um pouco além, Foi assim surgiram algumas mudanças, todas elas preparadas na reunião dos Mestres em 24 de agosto e consolidada na reunião de 29 de setembro de 1462 em Targau, ambas dirigidas pelas Lojas da Baixa-Saxônia.
Uma das mudanças foi refazer as Ordenações de 1459, substituindo-as por novas, mesmo assim tais mudanças não proporcionaram nenhum resultado prático, mas era um caminho que, mesmo sem saberem, estava sendo traçado para a futura Franco-Maçonaria.
Tudo pode ser sentido através de uma subordinação consolidada em 1440 com a construção da Catedral de Strasburgo, quando decidiram chamarem-se de Irmão de São João e aceitando serem dirigidos e organizados em confrarias por integrantes monásticos.
Esse período não foi muito longo, logo eles se tornaram autônomos ao tomarem o nome de Franc-Maçons.
O avanço
Pode-se dizer que o crescimento da Maçonaria na Europa foi espantoso, intenso e avassalador. Em 1350, um decreto do parlamento de Londres, definia o salário dos obreiros dos diversos ofícios, chamando Free stone masons, franc-maçon de pedra, aos pedreiros.
Mas até o fim do século XVI os Freemasons eram verdadeiros obreiros, canteiros, pedreiros, carpinteiros e assim por diante, com exceção apenas dos seus patronos civis e eclesiásticos.
A partir de 1609, com Thomas Broswel, 1611 com Roberto Moray e Elias Ashmole, em 1646, que faziam parte das Lojas Escocesas e Inglesas, e que passaram a filiar em suas Lojas personagens eminentemente ricos e ilustrados, com o título de "acepted masons", eles se se distinguiam dos demais.
Nessa formação, as diferenças foram sentidas e algumas décadas depois a harmonia praticamente não existia, as diferenças eram praticamente irreconciliáveis para a época.
Dessa forma, no início do século XVIII ocorreu um grande golpe no caráter esotérico da Maçonaria, provocando transformações profundas.
Foi um golpe que causou uma ferida praticamente de morte, obrigando-a a se remodelar para continuar existindo.
Mesmo persistindo, em 1714 existia na Inglaterra apenas 4 Lojas, que para manter-se, juntaram-se em 1717 e fundaram a Grande Loja e proporcionaram à Maçonaria uma nova vitalidade e determinando novos rumos.
Nessa expectativa se voltaram para a instrução; educação dos indivíduos e a construção de um mundo melhor pelo aperfeiçoamento do ser humano, desejando que se tornassem senhores de si mesmos e cultivadores da virtude e do bem.
Nada poderia dizer o contrário, estava surgindo a Maçonaria Especulativa.
Naquela época os pensadores e alquimistas eram combatidos pelos espíritos menos esclarecidos, e como eram perseguidos, buscavam abrigo e refúgio entre os pedreiros livres, capazes de protegê-los pelos privilégios que tinham.
Muitos deles terminaram sendo "aceitos" na irmandade, foi dessa forma que surgiu a denominação de "Maçons Aceitos", em contraposição a Maçons Antigos, que eram os construtores, os pedreiros livres.
É evidente que nem todos poderiam ser aceitos, era imprescindível que se fizesse uma forte sindicância, que a vida deles fosse vasculhadas. Vencida nessa primeira etapa, eram submetidos às provas de iniciação.
Concluída as provas, se aprovados, deveriam jurar guardar segredo dos ritos e respeitar as regras, que eram denominadas de Land-marks, que literalmente significava "Limites de propriedades". Só assim poderiam ser aceitos na irmandade.
Esses Land-marks continham os artigos essenciais do regulamento da Ordem e eram considerados imutáveis. No entanto, ao longo do tempo eles sofreram algumas alterações.
No final século XVI e no século XVII, o número de Maçons aceitos já era bastante significativo e predominava entre eles a Rosa-Cruz da Inglaterra. Um deles, Elias Ashmole, alquimista, Maçon aceito em 1646, fez o crescimento da Fraternidade Rosa Cruz de forma despercebida, que no final se tornou maioria.
Com a presença da Rosa Cruz na Maçonaria muitos dos seus símbolos foram introduzidos, os rituais foram alterados, principalmente na parte referente à iniciação.
Primitivamente existiam apenas os graus de Aprendiz e Companheiro, porque o Mestre era o encarregado da direção de uma construção.
O grau de Mestre foi criado por Elias, cujo ritual de iniciação resgata o mito de Hiram. Daí por diante outros graus foram sendo criados.
Os primeiros passos para o surgimento do rito Escocês veio inspirado nas antigas Ordens dos Cavaleiros, que eram mantidas principalmente na Escócia.
Foi assim que surgiu a denominação Maçonaria Escocesa. Essa Maçonaria cresceu, nela desenvolveu-se a Fraternidade entre os Francos-Maçons (pedreiros-livres) e passaram a se chamar entre si de irmãos.
Em 24 de junho de 1717 quatro Lojas de Londres reuniram-se e fundaram uma Grande Loja visando unificar os rituais, essa reunião aconteceu na Taverna do Ganso Assado, onde tinha sede a Loja, S. Paulo, a mais antiga das quatro.
Como era de se esperar, na redação dos novos regulamentos e rituais a maioria era dos nobres e dos sábios, ou seja, dos Maçons aceitos.
Naquele momento a Maçonaria deixaria ser uma Associação de Pedreiros, de Mestres de Obras e tornava-se uma organização Especulativa.
Com essa organização algo imperdoável viria acontecer. Em 1720 George Payne foi eleito Grão Mestre e procurou centralizar todos os documentos que contavam a história da Maçonaria, enviou comunicado a todas as Lojas solicitando que enviassem todos os documentos históricos da Maçonaria.
Assim foi feito, esses documentos deveriam ser estudados, compilados e guardados em um Arquivo Central. Antes mesmo que fossem estudados e compilados, de forma estúpida; incompreensível; inexplicável e altamente condenável, as quatro Lojas de Londres, resolveram fazer um auto de Fé e queimar todos os documentos Maçônicos que estavam em seu poder.
Até hoje não se entende porque depois de reunir toda a documentação sobre a história da Maçonaria dos pedreiros livres, eles foram destruídos pelo fogo. Poucos documentos foram preservados, somente aqueles que não foram enviados.
Dessa forma grande parte da reconstrução histórica foi refeita em narrativas e deduções que sempre criaram divergências por apresentarem versões que na visão dos maçons da época fugiam da verdadeira realidade histórica da Organização.
Não sei se poderei continuar pesquisando a Maçonaria dos Pedreiros Livres, principalmente sobre os seus reais objetivos, mas algo pode ser dito sem ferir a verdade. A Maçonaria sofreu inúmeras mudanças no seu percurso, principalmente no que diz respeito aos Land-marks.
Portanto eles não podem ser os principais motivos pelos quais os Maçons aceitos, que se consideram tradicionais, não aceitem uma realidade dos tempos atuais, que é a Maçonaria Mista. Seja tradicional, Feminina e Mista, a Maçonaria é uma só.
Fonte: http://cljornal.com.br/
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