Com base em quase qualquer indicador, o mundo estΓ‘ melhor agora do que jamais esteve antes. Os nΓveis de pobreza extrema foram reduzidos pela metade nos ΓΊltimos 25 anos, a mortalidade infantil estΓ‘ em queda e muitos paΓses que por um longo tempo dependeram da ajuda externa sΓ£o hoje autossuficientes.
O que Bill Gates diz em parte Γ© verdade, porem hoje o mundo Γ© mais dependente das tecnologias e isso nos torna escravos de uma cadeia produtiva que nΓ£o mede esforΓ§os para vender independente dos custos e sacrifΓcios para isso acontecer. O homem de hoje tem se tornado pior nΓ£o apenas pela pobreza alheia a ele mais pela escravidΓ£o condicional da sua prΓ³pria sobrevivΓͺncia que gira em torno do bΓ‘sico comer para nΓ£o morrer. Por outro lado dezenas de empresas multimilionΓ‘rias tem vinculado Γ sua imagem a filantropia onde se alto promovem em torno da misΓ©ria alheia. Seja na Africa ou em qualquer lugar do mundo isso Γ© a realidade. A arca globalista esta preparando a humanidade para o fim ao mesmo tempo acolhendo os seus para uma especie de arca de NoΓ© onde os escolhidos serΓ£o as pessoas sem valor moral e ostentadoras de um vazio cristΓ£o por pura vaidade e escolha induzida...em outras palavras os homens de chip e os homens de Deus.EntΓ£o, por que tantas pessoas parecem pensar que a situaΓ§Γ£o global estΓ‘ piorando? Grande parte da razΓ£o Γ© que muitos se agarram a trΓͺs mitos altamente prejudiciais sobre a pobreza e o desenvolvimento global. NΓ£o se deixe levar por eles.
PRIMEIRO MITO: Os paΓses pobres estΓ£o condenados a permanecerem pobres.
Eles realmente nΓ£o estΓ£o. A renda familiar e outros indicadores de bem-estar humano estΓ£o subindo em quase todos os lugares, inclusive na Γfrica.
Considere, por exemplo, a Cidade do MΓ©xico. Em 1987, quando a visitamos pela primeira vez, a maioria das casas nΓ£o tinha Γ‘gua potΓ‘vel e vi muitas vezes pessoas caminhando longas distΓ’ncias para encher jarros de Γ‘gua, algo parecido Γ zona rural da Γfrica. O executivo que dirigia o escritΓ³rio da Microsoft MSFT +0.04% na Cidade do MΓ©xico mandava os filhos para fazer exames nos Estados Unidos, para verificar se a poluiΓ§Γ£o nΓ£o estava afetando a saΓΊde deles.
CrianΓ§as brincam numa escola primΓ‘ria em Dacar, no Senegal. A mortalidade infantil estΓ‘ em queda e muitos paΓses que por um longo tempo dependeram da ajuda externa sΓ£o agora autossuficientes, escrevem Bill e Melinda Gates.
Hoje, a Cidade do MΓ©xico estΓ‘ impressionantemente diferente, exibindo imponentes arranha-cΓ©us, um ar mais limpo, novas estradas e pontes modernas. VocΓͺ ainda encontra bolsΓ΅es de pobreza, mas quando visitamos a cidade agora, pensamos: "Uau, a maioria das pessoas aqui Γ© de classe mΓ©dia. Que milagre." Vemos uma transformaΓ§Γ£o semelhante em NairΓ³bi, Nova Delhi, Xangai e muitas outras cidades ao redor do mundo.
Em nossas vidas, a imagem global de pobreza foi completamente redesenhada. A renda per capita na Turquia e no Chile Γ© similar a dos EUA em 1960. A MalΓ‘sia estΓ‘ quase lΓ‘ e o GabΓ£o tambΓ©m. Desde 1960, a renda real per capita da China se multiplicou por oito; a da Γndia quadruplicou; a do Brasil quase quintuplicou. E o minΓΊsculo Botsuana, com uma gestΓ£o perspicaz de seus recursos minerais, viu a renda per capita real se multiplicar por 30. Uma nova classe de paΓses de renda mΓ©dia que mal existia 50 anos atrΓ‘s agora inclui mais da metade da populaΓ§Γ£o do mundo.
E isso Γ© verdade mesmo na Γfrica. A renda anual per capita na Γfrica subiu 33% desde 1998, de pouco mais de US$ 1.300 para quase US$ 2.200 hoje. Sete das dez economias que mais cresceram nos ΓΊltimos cinco anos estΓ£o na Γfrica.
Nossa previsΓ£o Γ© a seguinte: AtΓ© 2035, nΓ£o haverΓ‘ quase nenhum paΓs pobre no mundo. Sim, alguns paΓses mal afortunados ficarΓ£o para trΓ‘s por causa de guerras, realidades polΓticas (como a Coreia do Norte) ou geografia (como os paΓses sem litoral da Γfrica Central). Mas todos os paΓses da AmΓ©rica do Sul, Γsia e AmΓ©rica Central (exceto, talvez, o Haiti) e a maioria dos da regiΓ£o costeira da Γfrica se tornarΓ£o naΓ§Γ΅es de renda mΓ©dia. Mais de 70% dos paΓses terΓ£o uma renda per capita maior do que a da China hoje.
SEGUNDO MITO: A ajuda externa Γ© um grande desperdΓcio.
Na verdade, Γ© um investimento fenomenal. A ajuda externa nΓ£o sΓ³ salva vidas, mas tambΓ©m estabelece as bases para o progresso econΓ΄mico duradouro no longo prazo.
Muitas pessoas pensam que a ajuda externa representa uma fatia grande dos orΓ§amentos dos paΓses ricos. Quando os pesquisadores perguntam a americanos quanto do orΓ§amento federal vai para a ajuda externa, a resposta mais comum Γ© "25%". Na verdade, Γ© menos que 1%. (Mesmo a Noruega, o paΓs mais generoso do mundo, doa menos de 3%.) O governo dos EUA gasta mais que o dobro em subsΓdios aos agricultores do paΓs do que em ajuda internacional para projetos de saΓΊde. E investe acima de 60 vezes mais em gastos militares.
Uma queixa comum sobre a ajuda externa Γ© que boa parte dela Γ© desperdiΓ§ada com corrupΓ§Γ£o — e, obviamente, parte dela Γ©. Mas as histΓ³rias de horror que ouvimos — de que a ajuda internacional sΓ³ Γ© usada para construir novos palΓ‘cios para ditadores — vΓͺm de uma Γ©poca em que a ajuda era projetada para ganhar aliados para a Guerra Fria, em vez de melhorar a vida das pessoas.
O problema, hoje, Γ© muito menor. CorrupΓ§Γ£o em pequena escala, como aquele funcionΓ‘rio do governo que apresenta despesas falsas de viagem, Γ© uma ineficiΓͺncia que equivale a um imposto sobre a ajuda. Devemos tentar reduzi-la, mas eliminΓ‘-la Γ© tΓ£o difΓcil quanto eliminar os desperdΓcios de qualquer programa estatal — ou mesmo de qualquer empresa. Suponha que a corrupΓ§Γ£o em pequena escala corresponda a um imposto de 2% sobre o custo de salvar uma vida. Devemos tentar reduzir isso. Mas, se nΓ£o pudermos, deverΓamos parar de tentar salvar essas vidas?
Ouvimos muita gente pedindo o encerramento dos programas de ajuda quando um dΓ³lar Γ© perdido para a corrupΓ§Γ£o. Mas quatro dos ΓΊltimos sete governadores de Illinois foram parar na cadeia por corrupΓ§Γ£o e ninguΓ©m estΓ‘ exigindo que as escolas desse Estado americano sejam fechadas ou que se paralise a construΓ§Γ£o de suas rodovias.
TambΓ©m ouvimos crΓticos reclamar que a ajuda internacional torna os paΓses dependentes da generosidade estrangeira. Mas esse argumento se baseia apenas nos casos de paΓses mais complicados, que ainda lutam para serem autossuficientes. Aqui estΓ‘ uma lista compilada rapidamente de ex- grandes beneficiΓ‘rios da ajuda internacional que vΓͺm crescendo tanto que hoje quase nΓ£o recebem mais ajuda: Brasil, MΓ©xico, Chile, Costa Rica, Peru, TailΓ’ndia, Ilhas MaurΓcias, Botsuana, Marrocos, Singapura e MalΓ‘sia.
Ajuda tambΓ©m impulsiona melhorias na saΓΊde, agricultura e infraestrutura que se correlacionam fortemente com o crescimento de longo prazo. Um bebΓͺ nascido em 1960 tinha uma chance de 18% de morrer antes de seu quinto aniversΓ‘rio. Para uma crianΓ§a nascida hoje, esse risco Γ© menor que 5%. Em 2035, serΓ‘ de 1,6 %. NΓ£o conseguimos pensar em nenhuma outra melhoria comparΓ‘vel no bem-estar humano ocorrida nos ΓΊltimos 75 anos. Um desperdΓcio? NΓ£o acreditamos que seja.
TERCEIRO MITO: Salvar vidas leva Γ superpopulaΓ§Γ£o.
Desde pelo menos Thomas Malthus, em 1798, que as pessoas se preocupam com cenΓ‘rios apocalΓpticos em que a oferta de alimentos nΓ£o consegue acompanhar o crescimento da populaΓ§Γ£o. Esse tipo de pensamento jΓ‘ causou um monte de problemas no mundo. A ansiedade sobre o tamanho da populaΓ§Γ£o mundial tem uma tendΓͺncia perigosa de substituir a preocupaΓ§Γ£o pelos seres humanos que compΓ΅em essa populaΓ§Γ£o.
Deixar crianΓ§as morrerem agora para que elas nΓ£o padeΓ§am mais tarde nΓ£o Γ© apenas cruel. Γ tambΓ©m uma estratΓ©gia que nΓ£o funciona.
Pode ser surpreendente, mas os paΓses que tΓͺm mais mortes tambΓ©m estΓ£o entre as populaΓ§Γ΅es que mais crescem no mundo. Isso ocorre porque as mulheres desses paΓses tendem a ter o maior nΓΊmero de filhos.
Quando mais crianΓ§as sobrevivem, os pais decidem ter famΓlias menores. Considere a TailΓ’ndia. Por volta de 1960, a mortalidade infantil comeΓ§ou a cair. Logo, por volta de 1970, depois que o governo investiu em um forte programa de planejamento familiar, as taxas de natalidade comeΓ§aram a cair. No curso de apenas duas dΓ©cadas, as mulheres tailandesas passaram de uma mΓ©dia de seis filhos para apenas dois. Hoje, a mortalidade infantil na TailΓ’ndia Γ© quase tΓ£o baixa quanto a dos EUA, e as mulheres tailandesas tΓͺm uma mΓ©dia de 1,6 filho. Esse movimento de queda nas taxas de mortalidade seguida por queda nas de natalidade Γ© observado na grande maioria dos paΓses do mundo.
Salvar vidas nΓ£o leva Γ superpopulaΓ§Γ£o. Γ exatamente o oposto. A criaΓ§Γ£o de sociedades onde as pessoas tΓͺm acesso Γ saΓΊde bΓ‘sica, relativa prosperidade, igualdade fundamental e acesso a contraceptivos Γ© o ΓΊnico caminho para um mundo sustentΓ‘vel.
Mais pessoas, especialmente lΓderes polΓticos, precisam entender os equΓvocos por trΓ‘s desses mitos. O fato Γ© que, se vocΓͺ olhar para a questΓ£o como um indivΓduo ou um governo, as contribuiΓ§Γ΅es para a promoΓ§Γ£o da saΓΊde e desenvolvimento internacional oferecem um retorno surpreendente. Todos nΓ³s temos a oportunidade de criar um mundo onde a pobreza extrema Γ© a exceΓ§Γ£o e nΓ£o a regra.
Este texto Γ© uma adaptaΓ§Γ£o da prΓ³xima carta anual da FundaΓ§Γ£o Bill & Melinda Gates, da qual os autores sΓ£o copresidentes. Gates Γ© tambΓ©m presidente do conselho de administraΓ§Γ£o da Microsoft.
Fonte: http://online.wsj.com/
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