Economista Marcio Pochmann afirma que frente ao esgotamento das polΓticas anticΓclicas paΓs precisa pensar em reformas estruturais, mas que essas esbarram nos ricos e no Congresso dominado pelo capital; “Os que mandam no paΓs nΓ£o aceitam pagar mais impostos”, afirmou
30 de Julho de 2015 Γ s 06:20
Por Rede Brasil Atual
SΓ£o Paulo – As elites brasileiras nΓ£o aceitam fazer sua contribuiΓ§Γ£o para resolver a situaΓ§Γ£o de crise do paΓs, criticou ontem (29) o economista, professor e escritor Marcio Pochmann em entrevista Γ RΓ‘dio Brasil Atual. “Os que mandam no paΓs nΓ£o aceitam pagar mais impostos”, afirmou, destacando que o esgotamento de polΓticas anticΓclicas, como as desoneraΓ§Γ΅es da indΓΊstria para motivar o consumo, exige que o paΓs adote reformas mais profundas para continuar combatendo a pobreza.
“A economia mundial continua extremamente frΓ‘gil e o Brasil foi resistindo por mais tempo possΓvel nessa tentativa das polΓticas anticΓclicas. SΓ³ que isso acabou levando a uma incapacidade de o paΓs continuar nesse rumo sem que fizesse reformas mais profundas, como Γ© o caso de angariar recursos para o Estado atravΓ©s de uma reforma tributΓ‘ria que onerasse mais os ricos, os poderosos. E isso se tornou difΓcil e um problema polΓtico porque os que mandam no paΓs nΓ£o aceitam pagar mais impostos”, afirmou.
Pochmann tambΓ©m disse que o paΓs vive “uma luta polΓtica em que o Estado tenta se reorganizar, mas hΓ‘ de certa maneira um bloqueio que vem dos ricos, que nΓ£o aceitam fazer sua contribuiΓ§Γ£o, e isso acaba sendo feito pelos mais pobres e pela parte produtiva e nΓ£o financeira”, disse. Ele destacou que o setor financeiro hoje opera com taxas de juros extremamente elevadas, com ganhos "extraordinΓ‘rios" . "Esse Γ© o problema polΓtico do Brasil, Γ© como enfrentar aqueles que se protegem e que mandam no paΓs, em um momento difΓcil em que a polΓtica tem ajudado muito pouco nesse enfrentamento."
Com seu perfil conservador e dominado pelos ditames do capital, o Congresso Nacional tambΓ©m pouco tem feito pouco para que o problema possa ser enfrentado. “O sofrimento da NaΓ§Γ£o hoje, principalmente os mais pobres, deve-se Γ ausΓͺncia de uma maioria polΓtica que possa enxergar no paΓs um outro caminho. Vamos lembrar, por exemplo, que o Brasil Γ© um paΓs em que 86% de sua populaΓ§Γ£o vivem nas cidades. Os problemas do paΓs sΓ£o urbanos, Γ© o transporte, saΓΊde, educaΓ§Γ£o, no entanto, entre os eleitos em 2014, a maior bancada parlamentar Γ© formada por ruralistas. Quer dizer, os que estΓ£o no Congresso representam interesses do campo e nΓ£o das cidades. E os interesses das cidades nΓ£o reverberam ou se transformam em iniciativas que possam ter encaminhamento pelo Legislativo”.
Fonte: http://www.brasil247.com
